quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Poema de Lawrence Ferlinghetti do livro " Um parque de diversões da cabeça":


Em toda minha vida jamais deitei com a beleza
confidenciando a mim mesmo
seus encantos exuberantes



Jamais deitei com a beleza em toda a minha vida
e tampouco menti junto a ela
confidenciando a mim mesmo
como a beleza jamais morre
mas jaz afastada
entre os aborígines
da arte
e paira muito acima dos campos de batalha
do amor


Ela está acima disto tudo
oh sim
está sentada no mais seleto dos
bancos do templo
Lá onde os diretores de arte encontram-se
para escolher o que há de ficar eterno
E eles sim deitaram-se com a beleza
suas vidas inteiras
E deliciaram-se com ambrosia
e sorveram os vinhos do Paraíso
Portanto sabem com precisão
como algo belo é uma jóia
rara rara
e como nunca nunca
poderá desvanecer-se
num investimento sem tostão

Oh não jamais deitei
em regaçosda beleza como esses
receoso de levantar-me à noite
com medo de perder de alguma forma
algum movimento que a beleza pudesse esboçar

No entanto dormi com a beleza
da minha própria e bizarra maneira
e aprontei uma ou duas cenas muito loucas
com a beleza em minha cama
e daí transbordouum poema ou dois
e daí transbordou um poema ou dois
para esse mundo que parece o de Bosch.

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